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SUPERAÇÃO
A superação representa para o ser humano uma barreira ultrapassada,
obstáculos vencidos, mesmo com dificuldades. Nos dias atuais é
perceptível a olhos vistos profundas e imensas alterações
no comportamento das pessoas, quando enfrentam situações
de morte na família, ou entre amigos. A palavra superação
é de derivação latina superatione, cuja sinonímia
representa o ato ou efeito de superar. Convém salientar que o maior
enigma da vida é a morte, e o da morte é a vida. Vida e
morte caminham juntas. São condições ou situações
naturais de todo ser vivo. A morte antigamente era revestida de desesperos,
desmaios, gritos, choros incessantes, diante de um corpo em estagnação
biológica.
Na realidade o materialismo ainda é o vilão desta situação
escabrosa, se as pessoas estivessem espiritualmente mais elevadas não
sofreriam tanto. É um sentimento mais compatível de perda
momentânea, visto que a indignação e revolta, a tristeza
e a saudade estão se tornando mais compatível com a realidade.
Com a imperfeição do ser humano e a sua ligação
com a materialidade, os prazeres da vida, a saudade, a ausência
acaba interagindo no ego das pessoas, vindo consequentemente o sentimento
de ausência, dor e desespero. O ser humano espiritualizado sofre,
porém em escala bem menor.
Sabemos que não é tarefa fácil, mas devemos incutir
nas pessoas, na família, na sociedade de um modo geral, de que
a morte é uma fase natural da vida. Alguns pontos devem ser colocados
para amortizar os efeitos da morte: descaso na educação
dos filhos, o apego doentio, comportamento a indiferença, a ingratidão,
o desrespeito para com nossos amigos e familiares. Toda separação,
rompimento de alianças causam dores e sofrimentos. As preces, as
orações e o tempo são responsáveis pelo abrandamento
da perda. Não podemos colocar o egoísmo acima de todas as
nuanças que acontecem pós-morte.
As religiões agem diferentemente diante da estagnação
biológica. Os mórmons afirmam que o sofrimento é
parte da existência humana. É necessário que haja
oposição para que exista crescimento, de acordo com a visão
Mórmon da nossa existência mortal, revelada pelo Senhor através
de profetas modernos. Ela pode, entretanto, ser aliviada através
do poder do sacrifício de Jesus Cristo. Os Mórmons acreditam
que o Salvador não morreu apenas para pagar por nossos pecados,
mas também para tomar sobre si as nossas dores, sofrimentos e enfermidades
(Alma 7: 11-12). Os espíritas afirmam ser a morte uma passagem
da vida material para a espiritual com a liberação do Perispírito
do corpo inerte.
Retirando-se as mortes abruptas o espírito sabe à hora certa
de se despojar da matéria que voltará de onde veio do fluido
cósmico ou universal. “O próprio Salvador foi um homem
de dores e sofrimento, ainda assim Ele a alegria suprema de saber que
estava em tom com Seu Pai e consolo naquele relacionamento único
com Ele. Nós, também, podemos encontrar paz e certeza de
que não seremos abandonados quando a morte de um ente querido nos
atingir ou quando o arbítrio de algum colide com os planos para
nossa própria vida”. Danuia diz que: “Descobriremos
o significado da morte, compreendendo a infelicidade e a angústia
por ela causada. Quando alguém falece, manifesta-se um choque intenso
a que chamamos sofrimento. Exemplo: vocês perdem alguém a
quem amava em quem haviam confiado e que suas vidas enriqueciam.
Quando há sofrimento, sinais da pobreza do ser buscaram para ele
um remédio, o remédio que a religião nos oferece,
a unidade final de todos os seres humanos, com muitas teorias que lhe
diz respeito. Buscamos inúmeras fugas para a angústia causada
pela morte de alguém a quem amamos. Estas fugas são apenas
vias sutis para que possamos esquecer-nos de nós mesmos. Nossa
preocupação não diz respeito à morte, mas
sim, ao nosso próprio sofrimento. “Só que o que acontece
é que lhe chamamos de amor pelos mortos”.
Quem não se ama um ser querido o amor, o carinho e o afago ficam
para trás. Na Páscoa celebramos a morte e ressurreição
de Jesus Cristo. Transformar a morte em vida é um mistério
de fé e uma experiência humana. Uma abordagem missionária
do significado da morte e da vida eterna também em outros credos
abre caminhos de diálogo e comunhão. Pinçamos de
Joaquim Gonçalves: “Quando se fala que outras religiões
têm seus "depósitos de fé", entendidos por
seus adeptos como frutos de uma revelação sagrada, muitos
cristãos ficam ainda um pouco assustados e se perguntam se também
eles se salvam. Há quem prefira evitar confrontos com outros credos”.
Também há quem se abra a um pluralismo e até ao sincretismo
religioso, perdendo a identidade da fé cristã. De uma forma
ou de outra, devemos reconhecer que todas as religiões expressam
suas convicções, que impregnam a vida dos fiéis,
através de tradições orais ou escritas, de dogmas
e de rituais geralmente celebrados em contexto de festa e com total convicção
de alcançar, de algum modo, a salvação. Já
se foi o tempo em que muitos missionários consideravam os rituais
de outras religiões, que algumas antropologias chamavam de primitivas,
como coisas do demônio. Também passou o tempo em que se pensava
que fora da Igreja não havia salvação, confundindo
evangelização com imposição da cultura do
evangelizador. Na verdade, Jesus prometeu aos Apóstolos o Espírito
Santo que "lhes ensinaria todas as coisas" (Jo 14,26).
Sabemos que o assunto é controverso, mas temos que nos render diante
da fé. Inclusive a própria religião professada sem
fé é morta. A fé e o conforto espiritual queiram
ou não são os dois vetores para amenizar os sofrimentos
que a morte proporciona. Todos os seres humanos são dotados de
corpo etéreo e mental, por isso somos imortais. Achamos que a contestação
distorce os fatos. Na Epístola de Pedro ele diz: ‘Que Deus
é dos vivos e não dos mortos. Deus é Espírito
e se fomos criados a sua imagem e semelhança somos Espíritos
também. O Espírito não morre o que se esvai é
a matéria. Precisamos assimilar quando se fala em morto nos Evangelhos
– Aqueles que estão no mundo praticando o mal, o desamor,
tirando a vida de seus irmãos esses para Deus e Jesus Cristo, são
os considerados mortos.
Determinadas religiões aceitam, mas de uma forma diferente, pois
Deus virá julgar os vivos e os “mortos”, a terminologia
morto encontrada na Bíblia não significa a estagnação
biológica ou o fim de tudo, pois se assim fosse os que leem as
palavras de Jesus não estariam entendendo nada. Quando Jesus convidou
um jovem a segui-lo, ele em companhia de Pedro, João e Thiago se
dirigiam ao Monte Tabor para a transfiguração onde conversou
com os Espíritos de Elias e Moisés que haviam vivido milênios
atrás, o jovem respondeu: “Mestre não posso, pois
tenho que enterrar meu pai, Jesus então respondeu: “Deixai
que os mortos enterrem seus mortos”. Como pode um morto enterrar
outro? Para um bom entendedor duas palavras bastam. Devemos para superar
os sofrimentos causados pela morte fortalecer o nosso coração
e partir para a superação. Pensem nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E DA ALOMERCE
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